Por Fernanda Zacharewicz*

Quando criei a Aller, há seis anos, o objetivo era facilitar o acesso do público brasileiro às obras de psicanálise publicadas no exterior. Na época, as traduções estavam resumidas ao trabalho diligente de alguns psicanalistas e vários anos se passavam entre o lançamento do livro em sua língua original e em português. Muitas das obras ficavam, assim, restritas aos que sabiam vários idiomas, perpetuando a desigualdade no acesso à formação do analista.

Outra dificuldade era como manter o acesso às informações sobre os eventos da área da psicanálise. Como saber o que acontecia, não perder os prazos para participação dos congressos, a data de determinada palestra… facilitaria muito se a editora pudesse organizar uma maneira de informar seu público sobre isso. Somente em abril de 2018, com a entrada de Omar Souza, jornalista de formação, é que foi possível dar vida ao projeto. Foi dele a ideia do boletim P.S.I. (Para Sua Informação).

Nosso boletim semanal foi ficando cada vez maior. Escolhíamos os eventos de psicanálise e, aos poucos, íamos acrescentando as programações artísticas que ocorriam no Brasil, pois acreditamos que a formação do analista é ampla e abarca as expressões culturais. Foi mais ou menos quando surgiu a hashtag #sextou.

Era isso: #sextou! Publicaríamos toda sexta-feira um boletim P.S.I. dedicado à programação cultural. Em um período de pandemia, no qual contávamos os mortos aos milhares a cada dia em nosso país, a necessidade de divulgar e escrever sobre as diversas expressões artísticas tornou-se urgente. O que parecia não pertencer ao conjunto desvelou-se fundamental. Fundamental porque proporciona o giro, enriquece a existência do sujeito e a própria psicanálise.

Assim surgiu seu nome, PSI+1, uma alusão direta ao lugar do +1, como proposto por Jacques Lacan no dispositivo de cartel. O mais um anima, faz girar, move o trabalho. Consideramos a arte um pouco dessa maneira, ela pode animar o ofício do analista. Acessório essencial, sem ela estamos desprovidos de nós mesmos.

Em abril de 2021, então, saiu nosso primeiro PSI+1. Estamos felizes de voltar a entregá-lo a vocês. Ele é um símbolo de resistência à barbárie a que tem sido submetido todo o patrimônio cultural de nosso país desde o golpe de 2016.

Sigamos!

* Fernanda Zacharewicz, psicanalista, doutora em Psicologia Social pela PUC/SP e editora na Aller