Na edição online da coluna Radar da revista Veja, o jornalista Robson Bonin registrou o cancelamento do tour de eventos para lançamento do livro A voz no divã — Uma leitura psicanalítica sobre ópera, música sacra e eletrônica no Brasil. O motivo não poderia ser outro: a disseminação do coronavírus, responsável pela COVID-19, doença que até o fechamento desta edição do P.S.I., já havia sido confirmada em mais de duzentos casos só no Brasil, além de mais de 2 mil suspeitas. No mundo, o número de infectados em meados de março ultrapassou 180 mil, com mais de 7 mil óbitos.

Jean-Michel Vives, psicanalista, professor da Universidade de Côte d’Azur e autor da obra — lançada no Brasil pela editora 106/Aller —, acatou a orientação do governo francês para que escolas e universidades não apenas interrompam as aulas “até segunda ordem”, mas também evitem que o corpo docente viaje para fora do país. Assim, apesar da expectativa por sua presença, os encontros agendados para Brasília, Recife, Fortaleza, São Luís, Rio de Janeiro e São Paulo tiveram de ser adiados sem previsão de nova data.

Mesmo sem poder contar com a participação presencial de Jean-Michel Vives, a 106/Aller lança esta semana A voz no divã tanto em versão impressa quanto digital. No livro, Vives defende sua tese, segundo a qual a voz é o objeto primordial do sujeito, e aponta a necessidade, para a formação do sujeito, da voz do Outro. Com a música sacra, usando a figura dos castrati, ele mostra quanto uma voz pode ser signo do fora-do-sexo, daquilo que alcança o além da imposição da lei. Então passa à análise da ópera, destrinchando várias obras e o papel que a diva ocupa em cada uma delas.

Ao tratar da música eletrônica, por sua vez, o autor constrói a teoria na qual o DJ ocupa o lugar do pai da horda, mas, dessa vez, disposto a compartilhar algo de seu gozo. É nisso que se baseia a rave: na possibilidade do gozo compartilhado, no qual a lei é suspensa. Jean-Michel Vives dedica a última parte do livro à importância da voz como principal vetor de trabalho do psicanalista, enfatiza o caráter único e indizível do timbre de voz de cada sujeito e como esse pode apropriar-se dele pelo processo analítico.

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