Por ocasião do lançamento da coletânea Por um feminismo afro-latino-americano (Zahar), o jornal El País publicou no dia 25 de outubro matéria especial sobre a pensadora brasileira Lélia Gonzalez (Belo Horizonte, 1935-1994). Tendo sido uma referência para Angela Davis, Gonzalez “é uma intérprete do Brasil, e esse é um lugar que os intelectuais negros ainda não conseguiram ocupar na sociedade brasileira”, diz Marcia Lima, professora do Departamento de Sociologia da USP e uma das organizadoras da publicação.

Graduada em história, geografia e filosofia pela então Universidade do Estado da Guanabara, hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), durante sua trajetória Gonzalez escreveu ensaios acadêmicos, artigos para a imprensa e palestrou em diversos congressos internacionais sobre a condição do negro e da mulher na sociedade brasileira. Entre outros conceitos, a autora utiliza os da psicanálise de Jacques Lacan para questionar o fato de mulheres não brancas serem o objeto de análise de outros sujeitos, “faladas, definidas e classificadas por um sistema ideológico que nos infantiliza”. Para ela, a psicanálise, junto ao candomblé, também serviu como caminho de cura e autoconhecimento após o suicídio de seu marido, quando ela tinha 30 anos.

“As incursões de Gonzalez em áreas tão distintas fizeram dela uma referência. Em 1975, ela ajudou a fundar o Instituto de Pesquisa das Culturas Negras e o Colégio Freudiano do Rio de Janeiro. Em 1976, ministrou o primeiro curso institucional de cultura negra do país […] Flavia Rios, da UFF [e também organizadora da coletânea], aponta que, com essas temáticas, Gonzalez tinha uma relação íntima, mas também prática, de produção do saber”, formando uma geração de intelectuais e militantes negras, como a filósofa Sueli Carneiro.

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