A decisão do governo Jair Bolsonaro de enfatizar a internação involuntária como forma de tratamento à dependência química, em detrimento de política de redução de danos, considerada mais moderna por vários especialistas, foi tema de reportagem publicada no fim de maio pelo jornal O Globo. O texto explica que o Senado já havia aprovado o Projeto de Lei, que dependia então apenas da sanção presidencial para alterar a Lei de Drogas, de 2006, e mais doze normas sobre o tema.

Especialistas das áreas de Saúde Mental e Direitos Humanos demonstraram preocupação com a decisão. O Centro Brasileiro de Estudos sobre Saúde (Cebes) publicou nota denunciando “graves retrocessos nas políticas de drogas”. O documento foi endossado por mais de setenta organizações, incluindo o Conselho Federal de Psicologia e a Ordem dos Advogados do Brasil. A reportagem lembra ainda que a internação involuntária já era prevista na Lei da Reforma Psiquiátrica, de 2011, mas o Projeto de Lei inclui a medida no âmbito da Lei de Drogas, autorizando sua solicitação inclusive por servidores públicos, embora um laudo médico deva sempre embasar a demanda.

(Publicado em https://oglobo.globo.com/sociedade/especialistas-veem-retrocesso-em-lei-que-facilita-internacao-involuntaria-para-dependentes-quimicos-23693369)